terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A LAMÚRIA DA TRISTEZA, de António Oliveira

A LAMÚRIA DA TRISTEZA

A Lamúria da Tristeza, Catigas ao desafio e cantorias de António Oliveira
Pobre de mim que sou tristeza
Mas não fui eu que me fiz
Assim fico triste por ver a pobreza
E o pobre sem pão sobre a mesa
Nem água no chafariz.

Tristeza a mim me chamaram
Sem eu chamar por ninguém
Mas nunca me abandonaram
E juntos comigo choraram
E no chorar se sentiram bem.

Dizem que me chamo tristeza
E que a dor me acompanha
Mas a ninguém fico presa
E quem não me conhece de certeza
Me chama de coisa estranha.

Sou triste mas tenho beleza
Apareço nos piores momentos
Para alguns eu sou uma defesa
Pois quem não sente a tristeza
Também não tem sentimentos.

Meu nome eu não escolhi
Mas gosto do nome tristeza
Porque para isso nasci
E me puseram ao pé de ti
Como escudo e fortaleza.

Bom sentir a tristeza
Pois mexe com as emoções
Atos de alta realeza
Eu os afeto com certeza
Pois lhes abrando os corações.

Estarei convosco até ao fim
Pois também estava com Deus
Quando viu seu filho no jardim
Orando mais de uma vez
Sei que não gostam de mim
Mas eu não vivo sem vocês.

Mais um poema de António Oliveira a quem muito agradecemos
.